A Justiça de Goiás condenou, nesta segunda-feira (27), o médico
Márcio Antônio Souza Júnior pelo crime de racismo. Ele é acusado de
simular uma cena
escravocrata ao publicar nas redes sociais o vídeo de um funcionário de
sua fazenda acorrentado pelos pés e pelas mãos. O caso ocorreu em fevereiro de 2022.
A juíza Erika Barbosa Gomes Cavalcante condenou o médico a pagar
R$ 300 mil de indenização por danos morais coletivos. O valor será
destinado à
Associação Quilombo Alto Santana e à Associação Mulheres Coralinas.
Continue lendo na próxima página.
O caseiro, que trabalhava na fazenda do médico, disse em juízo que,
no dia do ocorrido, Márcio o chamou para mostrar os “apetrechos” que ficavam
na igrejinha da fazenda e confirmou que
o patrão colocou os objetos em seu corpo.
A vitima alega que chegou a dizer que não gostaria de ser acorrentado, mas
que não pôde proibir o médico, por ser o dono da fazenda.
“Não acho que a situação seja uma brincadeira. Se fosse uma brincadeira,
todos estariam participando”, afirmou o funcionário que aparece nas imagens. “Eu não tenho nenhuma
relação de amizade com ele”, concluiu.
A magistrada classificou o caso como “racismo recreativo” e
afirmou que a conduta do médico feriu a dignidade da comunidade negra.
“O acusado utilizou apetrechos do período da escravidão para acorrentar seu
funcionário da fazenda, uma pessoa negra e com pouca instrução. O objetivo
dessa ação foi discriminar e inferiorizar a população negra, por meio de uma
cena que remete ao período escravocrata”, conclui a juíza.